domingo, 19 de junho de 2011

Avaliação Cabos de Vela Nika 10mm

A procura de um bom tema para continuar a blogar sobre buggy veio à inspiração esse final de semana na oportunidade da troca do meu jogo de cabos de velas. Este componente de vital importância para o funcionamento do motor muitas vezes é negligenciado e tratado com rispidez pelos motoristas e mecânicos em geral. É provável que se soubessem que um maior cuidado com essa peça poderia reduzir significativamente os problemas de falhamento e perda de rendimento do motor relativos ao sistema de ignição teriam mais respeito.

Nesta postagem vou me dedicar aos cabos de vela da Nika, fabricante nacional de cabos de ignição especiais para todas as linhas automotivas. A Nika possui referência a um site na caixa do produto (www.nikacabos.com.br) que estava fora do ar no momento que escrevia esta postagem.

Já é o segundo jogo que possuo e vale salientar que a troca do primeiro deu-se apenas pela mudança do sistema de ignição do Furacão Dunas, que passou do TSZ-I (Indutivo) para ou TZ-H (Hall). Como a tampa nova é de terminal pinado, foi necessária a troca dos cabos antigos que eram de terminal de encaixe.

Inicialmente temos que considerar quais os parâmetros que cercam os cabos de ignição de qualidade e posteriormente falar dos principais problemas que concorrem para o seu mau funcionamento. Na seqüência vou procurar abordar os prós e os contras dos cabos Nika em questão expondo seus pontos negativos e positivos na minha visão particular de consumidor.

A principal característica de um bom cabo sem sombra de dúvidas é o isolamento elétrico. Cabos de ignição modernos devem suportar a condução de elevadas tensões, que chegam a ordem de 30KV, ou seja, trinta mil volts. Essa tarefa não é fácil, tendo em vista que os motores submetem os valentes cabos a severas condições de trabalho. Variações de temperaturas extremas, óleos, combustíveis, umidade, poeira, vibração, dentre outras. Essa resenha mereceria até uma história em quadrinhos da Marvel Comics. Quem sabe “o Quinteto Fantástico”, ou “Os X-Cables” (parece coisa de nerd, mas buggy é ciência também =D).

Resistência a corrosão, ressecamento e variações de temperatura são também outras propriedades muito desejadas nos cabos, uma vez que o motor será alvo de todas as adversidades citadas aqui.

Outra característica marcante é a capacidade de supressão de ruídos produzidos pela intermitência do chaveamento da alta tensão que ocorre várias vezes por minuto. A liberação das descargas de alta tensão no motor produzem um forte e instantâneo campo magnético que se irradia na forma de uma onda eletromagnética que produz ruído na instalação elétrica do carro. Portanto, é comum que com o motor ligado, a maioria dos motoristas possa ouvir no som ou no rádio amador um roncado de fundo que altera o timbre com a rotação do motor.

Para evitar esse problema ou ao menos minimizá-lo os cabos de vela modernos possuem resistores supressivos nos seus terminas ou até mesmo sua veia condutora é composta de material resistivo. Um fato importante e também negligenciado pela maioria é que as bobinas de alta tensão modernas, sobretudo às plásticas, precisam do uso desse cabo supressor necessariamente, uma vez que o seu não uso poderá reduzir a vida útil da peça ou até mesmo fundir os eletrodos das velas devido ao excesso de corrente liberada pela bobina.

Referente à capacidade de isolação, para termos um parâmetro de avaliação, sabe-se que o ar é um excelente material isolante. Porém há variações no seu potencial dielétrico conforme a sua composição. Na beira de praia, por exemplo, a resistência do ar é muitas vezes menor que no interior do continente devido a alta umidade relativa e a presença de sais em suspensão que fornecem íons livres para condução de corrente elétrica com facilidade. E é nesse ambiente é justamente onde vamos buguear no fim de semana. Como parâmetro, é necessário aproximadamente um espaço de 10 mm de ar para evitar a formação de um arco voltaico entre dois eletrodos submetidos a uma tensão de 15KV em média. Considerando que as voltagens a que são submetidos os cabos de ignição são maiores que o exemplo, isso só reforça sua missão quase impossível. Trocando em miúdos concluímos que de uma forma geral o cabo precisa em todas as condições de funcionamento oferecer em seu comprimento total uma resistência maior que a folga (gap) das velas, senão a corrente que não é besta tenderá a fugir pelo ponto mais fraco do circuito.

Neste caso o diâmetro do isolante dos cabos entra em cena como um fator determinante no seu desempenho. Quanto mais grosso o isolador, maior a capacidade de isolação do cabo e menores vão ser as ocorrências de fugas de corrente. Considerando cabos com diâmetro de 10 milímetros, vale salientar que sua barreira útil de isolação entre o veio condutor e o ambiente é de apenas 5 milímetros. Quando expostos a condições de umidade elevadas, a capacidade de isolação dos cabos tende a diminuir . Havendo vazamento de corrente neste componente, teremos a falha da ignição na vela, e conseqüentemente sentiremos um corte na aceleração, o que causa perda de potência. Portanto, uma isolação extra será de bom tamanho ao transpor obstáculos aquáticos tais como rios, lagoas e alagamentos.

Bem, vamos agora aos fatos. Será que os cabos propostos valem o custo benefício? Será que passaram no teste nas trilhas do BCRN? Vou procurar expor seus pontos fortes e fracos de forma imparcial e deixar você bugueiro de plantão tirar sua conclusão.

A impressão ao abrir a caixa é muito boa. Os cabos tem um ótimo acabamento e sua espessura impressiona quem é acostumado com os cabos originais do carro (geralmente de 6 a 8 milímetros). O cheiro do silicone é bastante forte e enjoado, mas nada que atrapalhe o andamento das coisas. Vem também um termo de garantia constando noventa dias ou 5 mil quilômetros, o que achei pouco por sinal.

O veio desse cabo não usa cobre como condutor. O núcleo é composto por fibra de vidro revestida com uma borracha especial de silicone condutiva. O material produz uma resistência inerente de aproximadamente 5KOhm/Metro, o que o torna devidamente enquadrado na categoria de cabos supressivos. Um ponto fraco nessa questão é que isso exigirá muito mais cuidado do seu mecânico, pois um repuxo de forma errada quebrará o veio condutor do cabo. Esse tipo de cabo em geral tem má fama entre os mecânicos, que preferem trabalhar com os de cobre. Muitos deles dizem que o cabo é de má qualidade e pedem pra o cliente trocar por um de cobre que é melhor, dura mais, e "resolve o problema". Resolve o problema dele, do mecânico, pra ele ganhar o dinheiro dele rapidinho, mas condena os cabos que são inocentes e de boa qualidade. Não sabendo o cliente muitas vezes é que o cabo era bom e foi danificado pelo mecânico.

As capas isolantes dos terminais são grossas (3mm) e moldadas em silicone resistente a altas temperaturas. Elas são muito justas tanto no cabo quanto nas velas fazendo sempre um “ploc” quando são sacadas. Esse tipo de cabo tem que ser manuseado com cuidado principalmente na hora de plugar e retirar do sistema. A remoção é mais bem feita puxando o cabo pelo plugue com uma mão e ajudando com o polegar da outra, forçando de baixo para cima. Mesmo assim nos cabos de encaixe algumas vezes ao remover ocorreu de o terminal se soltar do cabo e ser preciso refazer a conexão. Nos cabos pinados os terminais são mais resistentes e esse problema não ocorreu.

Por serem tão justos e robustos seus plugues o cabo é praticamente a prova d´agua evitando em 100% a formação do “flashover”, aquelas faíscas que escapam do terminal correndo sobre as velas ou a tampa do distribuidor quando se molha o motor. Depois de vários meses de uso, fui sacar os cabos pra examinar o distribuidor e os contatos de cobre ainda estavam novos, com aspecto brilhoso e sem nada de corrosão, mesmo depois de várias trilhas e lavagens. Outro ponto forte é que mesmo depois de certo uso o silicone dos terminais das velas, que são os que trabalham em alta temperatura, permaneciam flexíveis e com aspecto excelente. Sinal que o silicone usado nos cabos é de boa qualidade.

Porém, um ponto negativo para linha VW Ar é a ausência dos defletores de ar da carcaça nos terminais das velas. Sem os defletores praticamente todo ar soprado para resfriar os cilindros se perde prejudicando e muito a ventilação do motor. Neste caso o problema foi resolvido removendo os defletores dos cabos antigos e instalando nos novos cabos. Fica uma dica para o fabricante cuidar desse detalhe da próxima vez.

No teste de água o cabo se comporta muito bem. Meu buggy falhava bastante na água com o jogo de cabos de encaixe antigos sanando o problema de imediato com a instalação dos cabos da Nika. Não me lembro na verdade de nenhum incidente com água pós-instalação que tenha me feito ficar no prego. Inclusive, fiz vários testes nas lavagens, onde ligava o motor e jogava o jato do compressor em cima do distribuidor sem o motor apagar. Sempre o conjunto se saia bem mesmo com distribuidor com impulsor tradicional.

Na rodagem nota-se uma diminuição dos falhamentos durantes as acelerações em baixa rotação. Se há uma melhora no rendimento do motor, sinceramente é muito pouco significativa para se mensurar. Porém, no buggy o que faz um bom carro é a soma do conjunto. Um pouquinho de melhora no cabo, mais um pouquinho de trabalho na carburação, suspensão, vai juntando os pouquinhos, no final você está com uma máquina de subir duna.

Em termos de estética os cabos são muito chamativos. Principalmente se a carenagens do motor forem de cores diferentes. É um daqueles acessórios para você deixar a tampa do motor aberta nas demonstrações. O único ponto negativo nesse fato é que devido a espessura o cabo é difícil de dobrar e não encaixa nas presilhas originais da carcaça. Isso dificulta a organização da fiação do motor lhe dando um aspecto meio desleixado.

Referente a durabilidade mostro-se muito boa. Os cabos que tirei, mesmo depois de certo uso estavam com um aspecto muito bom. No entanto notei um problema logo nos primeiros dias de uso. Como o material do isolante é muito macio, ele se desgasta facilmente com o atrito do cabo com as peças do motor. Podendo chegar o ponto de o cabo quebrar se o bugueiro não prestar atenção a esse fato. O ideal é presilhar o cabo por toda parte evitando que ele raspe nas partes do motor, principalmente nos motores de dupla carburação.

No mais, espero que esta postagem seja útil para amigos bugueiros que queiram no futuro incrementar seus possantes com novidades no sistema de ignição. Um abraço e vamos bugueando pessoal!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

LIMPEZA DE CARBURADORES: O MITO!

Muito tempo sem escrever hã!? Pois é! Meti a cara no trabalho. Tempo, tempo, tempo. Mas estamos de volta, e com muitas novidades. E vamos bugueando!

Grande reforma no Odisséia Dunas. Opa, opa, opa! Pára, pára! Odisséia Dunas, como é? É parceiro, tá sendo mesmo durante todos esses anos. E Que jornada!

Descobri que Buggy é cultura também, quem diria!? Buggy é escola de mecânica intensiva, laboratório de química, física e matemática. Buggy é design gráfico e projetos. Buggy é adaptações, é carro de todas as marcas, de todas as peças e de todos os macetes. Buggy é odisséia sim pra aqueles que gostam e entendem sua mensagem, se deixam levar e entram no clima.

Reforma no motor, pintura de carenagens. Bom! Carburadores sujos, precisando de revisão. Não se pode imaginar um momento melhor pra uma experiência científica, hã!? Pois é! Falando de limpeza de carburação, qual o melhor produto? O que limpa mais afinal? A equipe do Odisséia Dunas resolveu testar aqui dois produtos para a limpeza do carburador indicados por vários mecânicos, colegas e internautas por aí a fora. Não postamos aqui o resultado de testes com gasolina ou mesmo thiner 101, por achar que estes por serem ordinários e usados por todos no dia a dia já têm seus efeitos conhecidos pela maioria dos bugueiros de plantão. Vamos aqui focar no desconhecido. Uma bela surpresa aguarda o final dessa história. O que será?

Dentre os produtos verificados se encontram:

a creolina, composto químico anteriormente muito usado para limpeza e desinfecção hospitalar pela sua eficácia contra certos tipos de bactérias resistentes a desinfetantes comuns. A creolina nada mais é do que um composto da família dos Cresóis. Os cresóis são um grupo de compostos químicos fenólicos manufaturados que também ocorrem normalmente no meio ambiente. São muito usados na indústria também para diluição de desodorantes e inseticidas. São altamente tóxicos, podendo causar em exposições elevadas e prolongadas vômitos e dores abdominais; danos ao coração, fígado e rins; anemia; paralisia facial, coma e morte. Ufa! Cuidado! A eficácia esperada da creolina é a diluição acentuada dos óleos que aderem as paredes do carburador. Devido à geometria de sua molécula, os creosóis funcionam como excelentes diluentes para óleos e gorduras em geral. É possível comprar creosóis em supermercados em geral, onde se verificam duas marcas mais populares, a CREOLINA e o CREOVALIM. O custo médio de 500mL é de cerca de R$ 10,00.

o vinagre de álcool doméstico, composto obtido pela fermentação de carboidratos, cujo produto principal obtido é uma concentração de ácido acético. O ácido acético ou ácido etanóico é conhecido por ser um ácido fraco, corrosivo, com vapores que causam irritação nos olhos, ardor no nariz e garganta e congestão pulmonar. É corrosivo para alguns tipos de metais e muito usado na indústria química em geral na produção de vários materiais, dentre eles o PET. O custo médio do vinagre 500mL é de cerca de R$ 1,70.

Pois bem! O ensaio foi composto de uma tampa e um corpo de carburador solex H-30 PIC, parado a algum tempo e vítima da sujeira e ação do tempo. O objetivo era submeter o corpo do carburador ao molho nas duas substâncias por 30min, sendo logo em seguida o carburador lavado com sabão e água corrente para avaliação dos resultados.

Depositamos o corpo na creolina em um recipiente de forma a submergir toda peça, ao mesmo tempo em que submetemos ao vinagre a tampa do carburador nas mesmas condições pelo mesmo período de tempo.

Os resultados foram surpreendentes. Poucos minutos após a submersão das peças notava-se micro bolhas sendo formadas na tampa do carburador que estava no vinagre. Após 15 minutos a solução fervilhava e exalava um cheiro forte de vinagre. Curiosamente na creolina aparentemente não ocorria visualmente nenhuma reação.


Ao término do molho, lavagem das peças, e....nossa! Que surpresa! Para ser sincero, pela característica dos creosóis e sua toxidade, achávamos que os resultados seriam mais satisfatórios. No entanto, mostrou-se na verdade menos eficiente que a gasolina. Após a lavagem da peça ainda persistiam manchas de óleo e sujeira em diversas partes incrustadas. Eu nossa opinião o desempenho não foi satisfatório.

Mas referente ao vinagre quanta diferença! Após a lavagem da peça havia desaparecido todos os indícios de óleos e graxas, bem como manchas e pontos de oxidação (aquela goma branca incrustada na peça). O que é mais impressionante na verdade é a facilidade com que a sujeira se solta durante a lavagem. Incrivelmente prático e eficiente. Porém, nota-se visivelmente que o ácido acético causa naturalmente uma leve corrosão do material. Literalmente a peça dilui-se e o metal fica incrustado nos dedos do bugueiro, no entanto numa proporção muito leve.

Finalizando o experimento, não estamos aqui para ditar qual a substância correta, e sim a mais eficiente. Nosso objetivo era quebrar o mito e por a prova os ditos populares, e acreditamos que conseguimos finalmente.

Concluímos com o experimento que o vinagre é muito eficiente mesmo para limpeza, tendo o inconveniente de ser corrosivo ao material, mas justamente por esse motivo, limpa profundamente sua superfície, arrastando quimicamente toda sujeira da peça, inclusive oxidações. Entendemos no entanto que apesar do inconveniente da corrosão, se usada de forma moderada, e levando em conta que o mesmo será raramente usado na peça, é provável que o próprio carburador se desgaste pelo uso natural do que diluído no vinagre. Eu usei nos carburas do odisséia e pessoalmente, usaria novamente tomando o cuidado de controlar o tempo do molho que não deve ser longo, sendo de 30min para limpezas leves até algumas horas para carburadores mais avariados.

Já o creosol é uma substância extremamente desagradável de se manipular. Tem um cheiro muito ríspido e penetrante que demora uns dois dias para desaparecer caso entre em contato com a pele. Custa cinco vezes mais o litro em relação ao vinagre, e diferente do vinagre, no lugar de abrir o apetite provoca náuseas se inalado por longos períodos. O desempenho do creosol de fato foi decepcionante. Sinceramente, obtive melhores resultados com a gasolina e o thiner.

É isso então pessoal. Mito quebrado! Espero que tenha sido de utilidade para a comunidade bugueira.

Abraços e vamos Bugueando!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Aproveitando o encejo....










Ainda no embalo dos bancos, que culminaram na modificação do Santo Antônio e em tantas outras modificações, agora chegou a vez da pintura.

De tanto bota e tira de banco, soldas, e entra e sai do carro a pintura sofreu bastante e estava merecendo uma "guaribada" antes de o carro ficar decente o bastante para poder combinar com o visual das novas bancadas.

Pois é! Escutei uma vez um ditado que se encaixa nessa minha peleja que diz assim: "É bobeira cagar e se limpar com canjica." Portanto, vamos ter que pintar esse carro. E já que vamos pintar, que tal implantar aqueles velhos projetos, hein!? É aí que mora o perigo.

Quem sofre desse vício como eu sabe que, ao iniciar um serviço, o maior perigo são "as coisinhas". E é mesmo! O cara começa a mudar uma coisa, e aí, já no embalo da empreitada, lembra-se daquela "coisainha" que também queria fazer e pensa: "Porque não? Vamos aproveitar logo." Seria ótimo se isso fosse fácil. O problema inerente a isso é que você nunca termina nada. As idéias vão aparecendo, e uma soa melhor que a outra. Se o camarada não focar num objetivo só, não para de "bulir" nunca.

Voltando ao ponto chave da questão, já que vou pintar mesmo, que tal fazer aquelas entradas de ar tão planejadas? Desde a época que fiz o último motor (e já fazem uns 3 anos), pus um radiador de óleo na parte traseira do carro contrariando a todos que sempre colocavam na frente. Sempre achei que na frente o radiador ficava muito vulnerável, sobretudo quando fica no pára-choque. Portanto, decidi colocá-lo na parte de trás. Só que a idéia era abrir uma entrada de ar na parte traseira e botar o radiador pra funcionar com ela, e o tempo passou, passou e nada de entrada de ar. Bem! Já que vamos pintar, então vamos fazer essas danadas!

A partir de um molde em PVC gentilmente cedido pelo meu amigo Taher, modifiquei a altura e ligeiramente o formato da parte de trás da peça pra caber na parte superior traseira do carro, justamente em cima do motor onde fica o radiador e o filtro de óleo. Construí as peças em fibra, dei acabamento e instalei antes da pintura. Fiz várias furações com uma broca de 1/2 polegada sob cada entrada pra permitir a ventilação e pus no lugar. Ufa! Agora é pintar.

Na estrada o óleo do motor estava dando mais de 100 graus, principalmente em viagens longas. Não pude testar ainda pra ver se a melhoria é grande, mas estou ansioso pra verificar a temperatura.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

10 Anos de Buggy

Ainda na época da adolescência, já quase um rapaz, via um buggy passando na rua. Aquilo pra mim era como uma tortura. Lembre-me que a vontade de pilotar um era enorme, e sem poder eu babava de inveja. A primeira coisa que me vinha em mente quando pensava no meu primeiro carro era sem dúvida: o buggy.
Uns dizem que aquilo que se deseja se materializa mais cedo ou mais tarde. Dizem que é a energia dos pensamentos que move o universo e o mundo que nos rodeia. Bem! Sendo ou não sendo verdade, acontece que aconteceu mesmo. Meu primeiro carro foi realmente um buggy, e ele continua comigo após dez longos anos.
Meados de 1999 havia um buggy, sucateado, largado e esquecido no interior do sertão da Paraíba, mais precisamente em Várzea, cidadezinha próxima de Caicó/RN. Estava largado no terreno da casa do meu velho. Motor cansado, vazando. Elétrica estragada, pneus carecas e cano furado. A bancada, oxe!? Que bancada? Dava pena. Nunca tinha visto uma pintura mais feia na minha vida. Agrrr#$%”! No entanto, apesar de tudo meus olhos brilharam ao ver aquela cena. Acendeu aquela lampadinha no juízo, que nem desenho animado: Plim-Plom! Oportunidade a vista! (Foto: Estado inicial do carro.)

“E essa sucata aí?” – indaguei ao coroa. “Tá largado ai, recebi numa conta e usei até acabar carregando pedra na serra. Acabou-se. Não tem nem documento nem recibo. Nem sei qual é o dono registrado no DETRAN.” – respondeu ele. E parecendo reflexo instintivo, que nem quando você se curva levando uma bolada nos ovos eu disse: “Me dá ele?”.
Essas três palavras ecoaram no pensamento dele por alguns instantes, e parecendo descrente de que eu teria coragem de levá-lo respondeu: “Você não tem nem carteira. Mas quando você tirar a carteira pode vir pegar.” Naquele instante contendo a alegria de estudante universitário liso, que comia de PF no centro de convivência ainda e ia pra faculdade de bicicleta pra economizar a passagem disse: “Eu venho mesmo.” Ainda descrente de que eu tivesse coragem ele respondeu: “Pode vir.”
Vim embora às pressas pra Natal com uma só coisa em mente: eu tinha uma missão. Missão dada, missão cumprida! Tinha que tirar a carteira pra buscar aquele carro.
Trinta de Dezembro de 1999, na época com 19 anos, acabara de receber a carteira de motorista que ainda tinha estampada na frente a palavra “Permissão”. Tinha até vergonha de mostrar aos colegas aquilo, pois muitos que já tinha tirado a carteira aos dezoito já nem sabiam mais o que era isso. Comprei a passagem e fui embora buscar aquilo que seria o meu buggy hoje.
“Opa! Tudo bem? To por aqui.” – disse eu ao velho. “Diga as novidades de Natal.” – perguntou-me. “A novidade boa está aqui.” – falei mostrando-lhe minha permissão pra dirigir (agrrr!). Ele esbugalhou os olhos e falou espantado: “Opa! Parabéns! Está de carteira agora.”. Respondi prontamente: “Vim pegar o buggy que me prometeste outro dia. Lembra?”. “Aquele buggy? Mas está todo quebrado. Tá maluco?” – perguntou ele assustado. E ainda sim, sabendo que estava maluco mesmo respondi: “Nada. Dou um jeito nele.”. “E como vai passar nas três rodoviárias federais daqui pra Natal?” – perguntou-me. E para mim que já tinha pensado em tudo durante a viagem, essa era fácil, já tinha todas as respostas na ponta da língua: “Vou de madrugada.” – respondi rapidamente.
Encurtando a história, depois daquele momento foram dois dias até que pudesse montar o carro e deixá-lo em estado razoável pra poder viajar. É engraçado como certas memórias permanecem fortes na nossa mente. Lembro-me perfeitamente que no quintal da casa havia um pé de algaroba de sombra boa. Encostei-o ali em baixo e pus-me a emendar fio, trocar lâmpada, parafusar banco. Soldei o cano de escape, botei óleo no motor e vamos. Foi aí que começou minha paixão por mexer, alterar, dar um jeito, enfim: passo horas nesse carro mexendo, mexendo e mexendo, e não vejo o tempo passar. Já me acostumei até com o olhar de espanto do povo que passa e olha como quem está pensando: “Lá está o doido.” (Foto: Dezembro de 2001, fazendo o motor do carro na área de casa).
Por volta da uma e meia da madrugada, do dia 02 de Janeiro de 2000, enquanto todos ainda estavam espantados porque o mundo não havia acabado no “réveillon” do ano 2000, lá estava eu partindo da Paraíba pra enfrentar 285 km de BR até Natal. Ali por entre as serras do sertão potiguar, de buggy pela madrugada adentro, disputei espaço com as carretas na estrada e enfrentei um dos frios mais cortantes da minha vida. Lembro-me ainda de detalhes da viagem que fiz há dez anos. Estava eu com duas camisetas e uma bermuda, e com uma calça e uma jaqueta jeans por cima. Passei por três rodoviárias federais e não tinha um guarda de pé, cheguei em Natal depois de seis horas de viagem.
Já em Natal, longos quatro anos se passaram, e sozinho, continuava a cultivar minha empolgação, que logo virou hobby e depois paixão. Na verdade, não consegui até hoje encontrar, a pesar de muito procurar, uma atividade que me proporcionasse ainda que uma fração do prazer e satisfação que andar neste buggy me dá. Quem já teve oportunidade e sentiu a sensação de sentar ao volante deste carro, dar partida e ouvir o ronco do motor não esquece. Quem sem capota e com emoção sentiu o vento no rosto a beira mar, e viu como no num passe de mágica seu estresse acabar não se engana. Como esquecer a sensação de privilégio e liberdade de manobrar em meio as dunas ao entardecer? (Foto: 1º dia após a primeira pintura)
E estando um belo dia, só eu e a excelentíssima, a desbravar o litoral sul do estado no meu buggy a caminho da divisa do RN com a Paraíba, entre a praia de Sagi e o rio Guajú, olhei para os lados e não havia ninguém. A maré estava enchendo e já no final da tarde o sol se escondia. Nem um sinal de civilização, nada. Nenhum carro a me acompanhar. Nesse momento em meio a um frio na espinha me veio à sensação de certeza verdadeira: “Você não tem juízo.” – pensei. Ao mesmo tempo no mesmo fio de pensamento surgiu a dúvida: “Será que há também gente assim como eu?”.
E foi assim que surgiu o Buggy Club RN.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O derradeiro fim da batalha dos bancos!















E O TRABALHO CONTINUA...
Finalmente chegados os bancos da capotaria, vamos instala-los no lugar. Viva! os trilhos já estão prontos, é só parafusar e.... pow! Mete a cabeça o Santo antônio.

A espuma inchou os bancos de um jeito, que elevou o assento em uns 5 Cm, o suficiente pra fazer minha cabeça passar do St. Antônio. Pronto! A m... tá feita. E agora?! Baixar mais o trilho não tem como, pois o banco bate no santo antônio. E agora? A essa altura do campeonato, hummm! Lixadeira nele! Afinal, o que um peido pra quem já tá todo cagado? Vamos cortar esses ferros pra ver no que dá.

Cortei o santo antônio em 3 pontos de cada lado, o suficiente apenas pra mover o tubo principal pra trás. Corta, solda, corta, solda, lixa, solda, solda, solda e vai. Pimba! Não é que ficou melhor que antes! Ganhei mais espaço pra entrar no carro e sem prejudicar a proteção e segurança. Na largura ganhou-se 10cm e na profundidade na média de 25cm. A boa notícia é que agora o banco dá folgado. Viva! Viva! Ops! Não comemore muito, que ainda falta baixar os trilhos (denovo) e tirar fora o St. Antônio pra das acabamento. E agora? É trabalho pra duas pessoas. Raciocine!

Agenda telefônica, BCRN, primeiro nome: Athos. - Alow! Tá desocupado por aí mano?! Se ti ver vem pra cá que tô precisando de uma mão. - Só se for agora - responde o amigo. Amigo é pra essas coisas ou não é?

Opa! Vamos lá! Corta, solda, lixa, lixa, e..... ponto final na odisséia dos bancos.

O teste final pra saber se tudo valeu apena foi neste domingo de 2010, mais precisamente dia 17 de Janeiro, nas trilhas de Pium. Posso dizer com toda propriedade de quem já andou mais de 10 anos em banco sem vergonha que: Urraaa!! Que banco Show! Show! Show! No final de tudo sucesso! O sorriso morde as orelhas e a coluna bate palmas e agradece!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Final de semana parado sem trilha, Sábado a tarde, o que fazer? Claro! Vamos desmontar a suspensão do carro! Ótima diéia.

Aproveitamos pra engraxar o eixo e os pivôs. Dar um toque de beleza nos amortecedores e calçar as molas pra levantar a frente do carro. Excelente! Inclusive, não sei porque não havia tido essa idéia antes? Calcei as molas dos amortecedores e consegui ganhar quase 3cm de altura no eixo dianteiro. Simples, rápido e eficiente. Aumentou o ângulo de ataque e o curso do amortecedor ficou bom, não ficou topando nem em cima, nem em baixo.

Vamos aproveitar também pra dar um aperto geral nos parafusos, caixa de direção e conjugados. E.... pimba! A frente do carro agora é outra. Justinha e preparada pra buraqueira.

Botei pra testar esse final de semana nas trilhas de Pitangui. Que diferença! Frente justa e alta. A altura da dianteira faz toda diferença nos sulcos, subidas e descidas. Falta agora só partir pra traseira e conseguir uns amortecedores mais duros pra segurar as molas da suspensão. Enquanto a frente tá justa, a traseira está parecendo mais um canguru.

O alvo da próxima manutenção é o motor. Vamos entrar com um upgrade pra acabar esse problema famigerado da água, trocar a bobina e dar uma geral na elétrica. Depois do upgrade pode botar o apelido da mulinha de "scuba buggy"! Se essa "mulesta" apagar dentro d'agua depois dessa eu "quêra".

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A odisséia dos furos e o final do trabalho!

Bem! Pensando que já havia terminado tudo, já estava ficando feliz com o trabalho quando me lembrei dos furos. Já estávamos pelas 20h e o cansaço já estava batendo, mas no outro dia logo cedo os bancos tinham que estar na capotaria pra cobrir. Vamos lá!

Tarefa simplesmente complexa da p..... Extremamente difícil marcar os pontos pra ficar da mesma altura e do mesmo tamanho. Como são quatro furos em cada banco, vamos começar: mede, marca, mede, mede, faz gabarito e mede novamente. Deu errado! Mede de novo, bate o nível, ahhh, mais pra esquerda. Faz gabarito, mede, marca, opa! Ficou torto. Mede de novo. Ok! Agora vamos pra serra. Ahhhhhhhhh! Ô fibra grossa da p....! Serra, serra, serra, serra. Ufa! Terminou o primeiro, agora só faltam sete.

Agora, tendo em vista o preço do banco que eu desejava, que era o San marino BAF-111 (o da foto abaixo), vamos contar os custos. O BAF-111 sai por R$ 680,00 cada em sampa, o par por R$ 1360,00, com frete e impostos deve saltar pra uns R$ 1600,00. Isso fora os trilhos, que são vendidos a parte. Mas vamos trabalhar com esse valor redondo.

Meus gastos foram até agora: 14 quilos de resina a R$ 12,00 cada, 10 quilos de manta a R$ 10,00 cada, catalisador e cobalto R$ 40,00. Três quilos de massa plástica a R$ 8,00 e R$ 16 reais em chapa de aço pra os trilhos e R$ 10,00 de eletrodo. Cheguei a pagar ainda R$ 60,00 de mão de obra pra um cara terminar os bancos, pois me faltou coragem pra o trabalho, porém, ele me deu maçada e como ele não entregava tive que pegar de volta e fazer ou mesmo. Então vamos colocar aí mais uns R$ 40,00 de combustível nessas idas e vindas aos confins da ZN onde o cara foi se esconder com esses bancos.

Temos aí até agora um total de R$ 458,00 foi o gasto total aproximado. Vamos a R$ 500,00 pra ficar redondo. “Ah! Mas por aí o pessoal tira uns bancos concha por R$ 300,00 reais na forma padrão.” - você podaria me dizer. Só que a diferença está na exclusividade. Cada banco pegou 7 quilos de resina, ficando algumas partes com até 10 mm de espessura. Além disso, essa forma caseira é exclusiva.

Sempre gostei de investir em ferramentas, e isso eu não sei se é bom ou ruim até hoje. O fato é que você se torna independente, pois, sempre tem a ferramenta certa pra tudo que quer fazer. Por outro, isso se torna uma maldição, porque tendo as ferramentas certas, você sempre teima em fazer as coisas no lugar de pagar pra fazer, e isso toma tempo e dá trabalho. Bem, mas sem mais devaneios, cada doido tem sua mania. E essa é a minha.

Voltando ao "X" da questão, temos mais cerca de R$ 350,00 de capotaria o nos leva a um custo efetivo de R$ 850,00. Vamos dizer que beirando a metade do preço dos originais, com uma qualidade aproximada.

Levando em consideração o trabalho que deu, sinceramente, não sei se faria novamente, quem sabe não valha à pena pagar pelos bancos realmente? Quem sabe!? Esse pensamento me passou várias vezes pela cabeça nas várias horas que trabalhei nesse projeto, principalmente na hora das topadas e dos machucões nos dedos. Masss.... por outro lado, quando tiver no meio da trilha, sem dor nas costas e sentado confortavelmente seguro no cinto de 4 pontos, e lembrando-se de cada minuto que passei trabalhando no projeto, desde fazer a forma ao acabamento no molde exato do meu corpo, a satisfação faça a diferença. Pelo menos assim espero.